Leia o texto, para responder às questões de números 01 a 06.
As tecnologias de Big Data chegaram silenciosamente,
mudando a estratégia de muitos negócios. Fatos dignos de ficção
científica, como lojas de departamentos capazes de identificar se
suas consumidoras estão grávidas a partir do padrão de consumo
e serviços de busca mapeando em tempo real o progresso de pandemias,
já são notícia velha.
Empresas e instituições de vários tipos e tamanhos hoje
são capazes de coletar dados a partir de várias fontes, combinando-os
em sistemas de armazenamento da ordem de
petabytes (mil terabytes), e analisá-los em busca de padrões.
O resultado são previsões melhores, serviços mais personalizados
e mensagens mais bem dirigidas, estimulando decisões
mais bem informadas e mais seguras.
Da mesma forma que os grandes volumes de dados mudam
a gestão de corporações, uma nuvem de pequenas informações
pessoais, conectadas, começa a provocar uma mudança de costumes.
São dados que registram o que uma pessoa sabe a respeito
de si própria: o que fez, quem conhece, aonde foi, como dormiu,
quanto pesa, como passa o tempo.
Mensuração e análise são ótimas. Sem elas é quase impossí-
vel progredir. Mas é preciso cautela em seu uso. A obsessão por
elas, da mesma forma que a procura desesperada por seguidores
nas mídias sociais, pode piorar uma situação, deixando seu usuá-
rio viciado nas estatísticas que deveriam libertá-lo.
QI, placares e centímetros de bíceps são métricas observá-
veis e fáceis de comparar. Mas isso não quer dizer que sejam
as melhores ou mesmo as certas. Um funcionário pontual nem
sempre é o melhor funcionário, mais conexões não significam
mais conhecimento.
Além do mais, o que é o certo? A preocupação excessiva
com as métricas pessoais pode levar à padronização e à robotiza-
ção de seus usuários, um efeito colateral bastante desagradável.
Em situações extremas pode até criar autômatos ou estimular
comportamentos doentios, como anorexia ou bulimia.
De qualquer forma, a ignorância nunca é uma bênção. Os
benefícios do autoconhecimento são incomparáveis. Mas para
isso é preciso um pouco de trabalho. Não basta apenas coletar os
dados, deve-se também refletir sobre eles e planejar novas metas
periodicamente, aprendendo a identificar padrões de comportamento
nocivos e recorrentes. Nesses termos, a quantificação
pessoal só deve fazer bem.
(Luli Radfaher, Little data. Disponível em: . Acesso em: 20 mar 2014. Adaptado)