Leia o TEXTO 02 para responder às questões 6 e 7.
TEXTO 02
A CRISE E SUAS INTERPRETAÇÕES
Quanto mal uma mídia partidarizada pode causar a um País? Que prejuízos a
irresponsabilidade dos veículos de comunicação traz à sociedade?
No Brasil, essas não são perguntas acadêmicas. Ao contrário. Em nossa história, sobram
exemplos de períodos em que a “grande imprensa", movida por suas opções políticas, jogou
contra os interesses da maioria da população. Apoiou ditaduras, avalizou políticas
antipopulares, fingiu não ver os desmandos de aliados.
O instituto Vox Populi acaba de realizar uma pesquisa nacional sobre sentimentos e
expectativas a respeito da economia. O levantamento deixa claro o preço que pagamos por ter a
mídia que temos.
A pesquisa tratou principalmente de inflação e desemprego e mostra que a opinião pública
vive um pesadelo. Olha com desconfiança o futuro, teme a perda de renda e emprego, prefere
não consumir e não tem disposição de investir. Está com medo da “crise".
Todos sabem quão importante é o papel das expectativas na vida econômica. Quando a
maioria das pessoas se convence de que as coisas não vão bem, seu comportamento tende a
produzir aquilo que teme: a desaceleração da economia e a diminuição do investimento
público. A “crise" é, em grande parte, provocada pelas expectativas.
Estampada em manchetes e com tratamento de luxo nos noticiários de tevê, a “crise
econômica" estava na pauta dos meios de comunicação muito antes de se tornar uma
preocupação real da sociedade. Há ao menos dois anos, é o principal assunto.
A nova pesquisa mostra que a quase totalidade dos brasileiros, depois de ser bombardeada
durante tanto tempo com a noção de “crise", perdeu a capacidade de enxergar com realismo a
situação da economia.
A respeito da quantia imaginada para comprar, daqui a um mês, o que compram
atualmente com 100 reais, apenas 2% dos entrevistados estimaram um valor próximo àquele.
Os demais 98% desconfiam de que vão precisar de mais ou de muito mais. Desse total, 73%
temem uma alta dos preços superior a 10%. Quase a metade, 47%, estima uma inflação acima
de 20%. E não menos de 35% receiam que os preços subirão mais de 30% em um mês.
Os números são semelhantes nas análises do desemprego. Apenas 7% dos entrevistados
sabem que hoje menos de dez indivíduos em cada cem estão desempregados. Cerca de um
quarto acredita que o desemprego varie de 10% a 30% da força de trabalho e 38% imaginam
que a proporção de brasileiros sem emprego ultrapassa os 40%.
Por esse raciocínio, o cenário até o fim do ano seria dantesco: quase 40% acreditam que o
desemprego em dezembro punirá mais da metade da população ativa.
Para tanta desinformação e medo do futuro, muitos fatores contribuem. Nossa cultura
explica parte desses temores. Os erros do governo, especialmente de comunicação, são
responsáveis por outra. Mas a maior responsável é a mídia hegemônica.
Ninguém defende que a população seja mantida na ignorância em relação aos problemas
reais enfrentados pela economia. Mas vemos outra coisa. A mídia deseduca ao deformar a
realidade e por nada fazer para seus leitores e espectadores desenvolverem uma visão realista e
informada do País. Fabrica assustados para produzir insatisfeitos.
Com isso, torna-se agente do agravamento de uma crise que estimulou e continua a
estimular, apesar de seu custo para as famílias e para o Brasil.
(COIMBRA, Marcos. Revista Carta Capital. Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/revista/852/acrise-e-suas-interpretacoes-4986.html.
Acesso em: 26/01/2016. Adaptado.)
De acordo com a Nova Ortografia da Língua Portuguesa, no trecho “Apoiou ditaduras, avalizou
políticas antipopulares, fingiu não ver os desmandos de aliados (...)" o termo destacado
I.deveria ter sido grafado com hífen, como em anti-higiênico e anti-inflacionário.
II.está adequadamente grafado, obedecendo à regra em que prefixo terminado em vogal se
junta com a palavra iniciada por consoante.
III.está adequadamente grafado, assim como em antiaéreo e antiprofissional.
IV.tem como facultativo o emprego do hífen, visto que o Novo Acordo Ortográfico ainda é
recente.
V.obedece à mesma regra que palavras formadas por prefixos como super-, ultra- e sub-.
Estão CORRETAS as proposições