Entenda a onda de violência em Santa Catarina
Já são 101 ataques em 17 dias, ocorridos em 31 municípios
catarinenses
por Leonardo Guandeline / Juraci Perboni, especial para O
Globo 15/02/2013 20:54
SÃO PAULO e FLORIANÓPOLIS - A recente
onda de ataques em Santa Catarina, a segunda
em quatro meses, entrou nesta sexta-feira no 17°
dia - teve início em 30 de janeiro totalizando 101
ações até o fim desta tarde, entre elas incêndios a
ônibus, carros particulares, viaturas e prédios
públicos, em pelo menos 31 municípios no estado.
A primeira onda de atentados ocorreu em novembro
de 2012. Durou sete dias e resultou em 58
atentados, em 16 cidades. Segundo a polícia, as
ações são ordenadas por líderes de facções criminosas
que atuam de dentro dos presídios catarinenses.
Os presos alegam que sofrem tortura, não
têm atendimento médico e odontológico, nem
abastecimento regular de água, além de poucos
agentes para que todos possam tomar o banho de
sol. No fim do ano passado, a ouvidora da Secretaria
Nacional de Direitos Humanos foi a Santa Catarina,
constatou uma série de problemas, e solicitou
providências.
Na atual série de crimes, os presos, na visita da
equipe da Corregedoria do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, disseram que os problemas não
foram resolvidos, entre eles o não término da
apuração dos casos de tortura.
Os detentos, no entanto, questionaram a rapidez
da Polícia Civil em investigar a morte da agente
prisional Deise Alves, ocorrida em agosto, com o
indiciamento de 11 pessoas. Há suspeita que os
atentados do ano passado possam estar relacionados
com o crime, já que o alvo, segundo a Polí
cia Civil, seria o marido dela, Carlos Alves, diretor
da penitenciária de São Pedro de Alcântara, na
Grande Florianópolis, que pediu afastamento do
cargo após a morte de Deise. Alves atribuiu o
assassinato a uma das facções que age no estado
e controlaria o presídio.
Os detentos dizem que, após a morte da agente
prisional, a situação ficou insustentável, e chegaram
a denunciar a violência praticada pelo diretor e
um grupo de agentes em um vídeo gravado pelos
próprios detentos. As imagens mostram uma suposta
revista em uma cela acompanhada de choques
elétricos, tapas e ameaças.
Foi de São Pedro de Alcântara que teria partido,
segundo as autoridades catarinenses, as ordens
para a primeira onda de ataques.
Os recentes atentados também são atribuídos à
transferência de alguns presos.
Disponível em: http://oglobo.globo.com/brasil/entenda-ondade-violencia-em-santa-catarina-7595303.
Acesso em: 25/06/2014. Adaptado.