Atenção: Para responder às questões de números 9 a 12,
considere o trecho da entrevista abaixo.
De que forma o conhecimento da cultura renascentista
pode auxiliar no entendimento do presente?
A história da cultura renascentista ilustra com clareza o
processo de construção cultural do homem moderno e da
sociedade contemporânea. Nela se manifestam, já muito
dinâmicos e predominantes, os germes do individualismo, do
racionalismo e da ambição ilimitada, típicos de comportamentos
mais imperativos e representativos do nosso tempo. Ela
consagra a vitória da razão abstrata, que é a instância suprema
de toda a cultura moderna, versada no rigor das matemáticas
que passarão a reger os sistemas de controle do tempo e do
espaço. Será essa mesma razão abstrata que estará presente
na própria constituição da chamada identidade nacional. Ela é a
nova versão do poder dominante e será consubstanciada no
Estado Moderno, entidade controladora e disciplinadora por
excelência, que impõe à sociedade um padrão único, monolítico
e intransigente. Isso, contraditoriamente, fará brotar um anseio
de liberdade e autonomia do espírito, certamente o mais belo
legado do Renascimento à atualidade.
Como explicar a pujança do Renascimento, surgido em
continuidade à miséria, à opressão e ao obscurantismo do
período medieval?
O Renascimento assinala o florescimento de um longo
processo de produção, circulação e acumulação de recursos
econômicos, desencadeado desde a Baixa Idade Média. São os
excedentes dessa atividade crescente em progressão maciça
que serão utilizados para financiar, manter e estimular uma
ativação econômica. Surge assim a sociedade dos mercadores,
organizada por princípios como a liberdade de iniciativas, a
cobiça e a potencialidade do homem, compreendido como
senhor da natureza, destinado a dominá–la e a submetê–la à sua
vontade. O Renascimento, portanto, é a emanação da riqueza e
seus maiores compromissos serão para com ela.
(Adaptado de: SEVCENKO, Nicolau. O renascimento. São
Paulo: Atual; Campinas: Universidade Estadual de Campinas,
1982. p. 2 e 3)
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