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Brasil vive tragédia na segurança pública, diz
especialista.
O Brasil vive uma tragédia na área da segurança
pública, afirmou hoje o especialista Ricardo Balestreri,
durante seminário na Feira Internacional
de Segurança Pública e Corporativa (Laad Security
2014), que reúne até quinta-feira no Riocentro,
zona oeste da capital fluminense, empresas fabricantes
e fornecedores nacionais e internacionais
de tecnologia, equipamentos e serviços. Segundo
ele, a falta de recursos, de políticas públicas para o
setor e de investimento nas carreiras policiais contribuem
para que anualmente o país perca em torno
de 53 mil vidas desnecessariamente.
“Estamos matando por ano, no país, quase uma
cidade de médio porte. São quase 100 mil pessoas
entre homicídios e mortes no trânsito. São 53 mil
homicídios por ano", comentou ele. "É uma desgraça
constante e crônica na área da segurança.
Não é qualquer tipo de morte, estamos eliminando
anualmente toda uma geração de jovens: em geral,
negros, pobres, na faixa dos 14 aos 24 anos", ressaltou.
Comprar mais armas, viaturas, rádios e coletes
apenas, sem tecnologia de ponta, como sistemas
de comando e controle, vídeo e monitoramento,
aparelhamento e treinamento dos policiais, é fazer
mais do mesmo, segundo ele. “Não teremos a me-
nor chance de reduzir o número de mortes, nem
dos demais crimes que assolam hoje a sociedade
brasileira, se não tivermos mais seriedade na gestão
pública. Comprar apenas apetrechos é manter
a política do espetáculo, que é a do tiroteio, do
chute na porta, da quantidade de prisões e, ao
final, o resultado é pífio", comentou. (...)
Outro problema também relatado no seminário
foi a ineficiência dos inquéritos policiais. “Menos de
8% em média dos crimes são apurados e menos
de 2% são punições de homicídios. Cerca de 98%
das mortes dolosas no Brasil não são punidas. A
impunidade é quase absoluta", lamentou ao se
referir às polícias brasileiras como "meias polícias",
que fazem trabalhos incompletos e se atrapalham
entre si. "Não defendo a unificação das polícias,
mas do ciclo de trabalhos das polícias", declarou.
O palestrante disse que a Polícia Civil transformou-
se em mero cartório de registros e de procedimentos,
já que os delegados hoje são juízes de
instrução sem poder, segundo ele. “As polícias
precisam ser divorciadas, fazendo trabalhos especializados
e completos, cada um na sua área e
cada um com seu cartório próprio", argumentou.
Para ele, a Polícia Civil, que é numericamente menor,
deveria se especializar nos crimes mais sofisticados,
como crimes contra a pessoa, colaborar
com a Polícia Federal contra lavagem de dinheiro e
crime organizado, entre outros. Já a Polícia Militar
ficaria responsável pelos crimes ordinários, fazendo
inclusive o trabalho cartorial e investigativo que
hoje é feito pela Polícia Civil. (...)
VILELLA, Flávia. Disponível em:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/n....
Publicado em 08/04/2014. Acesso em 20/05/2014. Adaptado.