Migrar e trabalhar. Quando esses verbos se conjugam
Da pior forma possível, acontece o chamado tráfico de seres
humanos. O tráfico de pessoas para exploração econômica e
sexual está relacionado ao modelo de desenvolvimento que o
mundo adota. Esse modelo é baseado em um entendimento de
competitividade que pressiona por uma redução constante nos
custos do trabalho.
No passado, os escravos eram capturados e vendidos
como mercadoria. Hoje, a pobreza que torna populações
vulneráveis garante oferta de mão de obra para o tráfico – ao
comércio de pessoas. Esse ciclo atrai intermediários, como os
gatos (contratadores que aliciam pessoas para serem
exploradas em fazendas e carvoarias), os coiotes
(especializados em transportar pessoas pela fronteira entre o
México e os Estados Unidos da América) e outros animais, que
lucram sobre os que buscam uma vida mais digna. Muitas
vezes, é a iniciativa privada uma das principais geradoras do
tráfico de pessoas e do trabalho escravo, ao forçar o
deslocamento de homens, mulheres e crianças para reduzir
custos e lucrar. Na pecuária brasileira, na produção de cacau de
Gana, nas tecelagens ou fábricas de tijolos do Paquistão.
O tráfico de pessoas e as formas contemporâneas de
Trabalho escrava não são uma doença. E sim uma febre que
indica que o corpo está doente. Por isso, sua erradicação não
virá apenas com a libertação de trabalhadores, equivalente a
um antitérmico – necessário, mas paliativo. O fim do tráfico
passa por uma mudança profunda, que altere o modelo de
desenvolvimento predatório do meio ambiente e dos
trabalhadores. A escravidão contemporânea não é um resquício
de antigas práticas que vão desaparecer com o avanço do
capital, mas um instrumento utilizado pelo capitalismo para se
expandir.
Leonardo Sakamoto. O trafico de seres humanos hoje historia viva Internet (com adptações)
Julgue os itens subsequentes, acerca de ideias e estruturas linguisticas do texto acima.
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